terça-feira, 25 de outubro de 2011

Quando o outro me dá a mão


Quando o outro me dá a mão
 
Silêncio. Escuridão. Solidão. Sempre estamos armados contra as intempéries da vida, mas chega um momento em que as comparações acabam conosco. O inexistente torna-se presente. O que não era para ser mencionado é proferido pelos lábios de quem deveria exalar passividade. E você chega a um ponto em que não suporta e quer largar tudo. Todos são diferentes. Ou você é o único diferente?

O porto seguro mais parece um barco à vela sem rumo. O que era para ser um refúgio, hoje, é o lugar dos abraços inseguros, dos rostos indiferentes, das pessoas que não mais conhecemos como outrora. Onde está aquilo que um dia me fez acreditar que o céu era possível para todos? Onde está aquilo que me fazia ter parresia? Onde está Aquele que se manifesta através dos humanos? Onde estão os humanos que deveriam manifestar Aquele?

Desisto. Não mais quero saber o que aconteceu há anos, não mais quero me preocupar com aquilo que já não me pertence, não mais quero viver em busca daqueles que nunca existiram.

Volto. Eis que um alguém lhe liga e você não atende, porque o sono impediu, mas o seu gesto de não atender foi mais verdadeiro que o sono. Será que alguém lembrou? Será que Deus se fez naquele momento para mais uma vez, das trilhões de vezes, lhe chamar de volta? Mas você não acredita.

Confessa ao telefone quais motivos não lhe levarão para lá. E mais uma vez, via e-mail, o Senhor se faz presente para dizer: “meu filho, minha filha, vá!” Ou pode ser via torpedo, ou até mesmo pelo telefone móvel e, raras vezes, telefone fixo (um parêntese: a tecnologia nos domina e o fixo já nem é tão importante). Enfim, o outro chega sem explicar, sem armas humanas, sem máscaras e apenas traz consigo o dom da conversa e da escuta. Uma simples troca de palavras, e a ação de Deus se fez; uma simples palavra de profecia e o humano deixa-se agir pelo Perfeito; uma singela ausculta e diagnosticamos os ruídos do coração que outrora era inflamado de amor, e, finalmente, a mão do outro torna-se tudo que temos, pois nossas mãos calejadas já nem conseguem ou nem querer articular nada.

Assim é o autêntico cristão, aquele que enxerga um olhar distante, entende um comportamento discreto, silencia quando necessário, dá atenção aos demais, não nega um sorriso e, principalmente, oferta sua vida. Difícil? Extremamente. Mas, não impossível. Apenas o tempo e a vida podem nos ensinar, e somente as mãos de Deus podem nos moldar, esses velhos vasos de argila que somos.

Por: Márcia Linhares Rodrigues
Coordenadora do Núcleo da Providência da PJ² (Pastoral da Juventude com Jesus)

Fiquem com Deus!

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